Índice
Começar a pintar é uma jornada empolgante. A sensação de misturar cores e ver uma tela em branco ganhar vida é incomparável. No entanto, esse caminho também é cheio de pequenos obstáculos que podem frustrar até o artista mais entusiasmado. A boa notícia é que a maioria desses obstáculos são, na verdade, erros comuns que quase todo iniciante comete.
Identificar esses “tropeços” é o primeiro passo para superá-los. Se você sente que suas pinturas não estão saindo como imaginava, ou se está com medo de dar a primeira pincelada, este artigo é para você.
Vamos detalhar os 7 erros mais comuns que quem começa a pintar comete e, o mais importante, mostrar como evitá-los de forma simples. O objetivo não é buscar a perfeição, mas sim tornar o processo de aprendizado mais divertido e produtivo.
Erro 1: Investir em Materiais Inadequados (Sejam Caros ou Baratos Demais)

Um erro clássico é ir a um dos dois extremos. O primeiro é comprar o kit de pintura infantil mais barato da loja. O resultado? Tintas que não misturam, pincéis que soltam pelos e um papel que rasga. Isso gera frustração, fazendo você acreditar que “não leva jeito”, quando na verdade o culpado é o material.
O extremo oposto é gastar uma fortuna nos materiais profissionais mais caros, sem ainda saber como usá-los.
- Como Evitar: Busque pelo “meio-termo”. Procure por materiais de linha estudante (ou universitária). Marcas conhecidas (como Acrilex, Tigre, Corfix, entre outras nacionais) oferecem tintas com pigmentação decente e pincéis de qualidade por um preço justo. Comece com poucas cores (as primárias, mais branco e preto) e um conjunto básico de 3 a 5 pincéis (um redondo, um chato e um fino já resolvem muito).
Erro 2: Misturar Tinta sem Critério e Criar “Lama”
Na empolgação de ver as cores, o iniciante tende a misturar tudo ao mesmo tempo na paleta. O resultado quase sempre é um tom de marrom acinzentado e sem vida, popularmente conhecido como “lama”.
- Como Evitar: Aprenda o básico da Teoria das Cores. Você não precisa de um curso avançado, apenas entenda:
- Cores Primárias: Azul, Amarelo e Vermelho.
- Cores Secundárias: O que acontece quando você mistura as primárias (Laranja, Verde, Roxo).
- Cores Complementares: As que são opostas no círculo cromático (ex: Vermelho e Verde). Misturá-las cria tons neutros (marrons e cinzas), e é aqui que a “lama” acontece se feito sem controle.
- Dica Prática: Mantenha suas misturas simples. Tente não usar mais que três cores em uma única mistura. Limpe o pincel antes de pegar uma nova cor.
Erro 3: Ignorar o Valor Tonal (O Segredo do Claro e Escuro)
O iniciante foca tanto na “cor” (vermelho, azul) que esquece do “valor” (o quão claro ou escuro aquele vermelho é). Uma pintura sem variação de valor parece “plana”, sem profundidade ou volume, mesmo que as cores sejam bonitas.
- Como Evitar: Pense em “preto e branco”. Antes de aplicar a cor, pergunte-se: “Essa área é clara, média ou escura?”. Para treinar, tente pintar usando apenas uma cor (como azul) mais branco e preto. Isso força você a enxergar apenas o valor.
- Dica de Ouro: Tire uma foto da sua pintura (ou da sua referência) com o celular e aplique o filtro “preto e branco”. Se tudo ficar num tom de cinza parecido, você precisa adicionar mais áreas de luz (com branco) e de sombra (com cores mais escuras).
Erro 4: Focar nos Detalhes Antes de Estruturar a Pintura
É tentador começar a pintar o olho brilhante de um retrato ou a pétala perfeita de uma flor. O problema é que, ao fazer isso, você corre o risco de terminar o detalhe e perceber que ele está no lugar errado, no tamanho errado ou que o resto da pintura não combina.
- Como Evitar: Siga a regra de ouro: “do geral para o particular”. Comece “bloqueando” as formas maiores da sua pintura. Use um pincel grande para manchar as áreas principais de cor e sombra. Preocupe-se primeiro com a forma geral, a composição e os valores. Os detalhes são a última coisa a ser feita, como a “cereja do bolo”.
Erro 5: O Medo da Tela em Branco (e a Paralisia na Hora de Começar)

Aquela tela branca, nova e imaculada, pode ser intimidante. Muitos iniciantes ficam paralisados pelo medo de “estragar” a tela ou de que a primeira pincelada seja um erro.
- Como Evitar: Quebre o branco! A tela não é sagrada, ela é seu campo de treino. Antes de começar, pegue um pincel grande e suje a tela com uma cor neutra e aguada (como um ocre ou um cinza claro). Isso se chama “imprimação” ou “fundo tonal”. Ao eliminar o branco, a pressão desaparece, e fica muito mais fácil começar a pintar sobre uma cor.
Erro 6: Comparar seu Início com o Trabalho de Artistas Experientes
Vivemos na era do Instagram, onde somos bombardeados por vídeos de artistas incríveis criando obras-primas. Comparar sua primeira pintura (seu “Capítulo 1”) com o trabalho de alguém que está no “Capítulo 20” é a receita mais rápida para a desmotivação.
- Como Evitar: Use as redes sociais para inspiração, não para comparação. Entenda que todo artista que você admira um dia também foi um iniciante e também criou “lama” na paleta. O único comparativo justo é com você mesmo. Compare sua pintura de hoje com a que você fez mês passado. Foque no seu próprio progresso.
Erro 7: Esquecer da Composição (e Centralizar Tudo)
O instinto natural do iniciante é colocar o objeto principal bem no centro da tela. Embora não seja “proibido”, isso geralmente cria uma imagem estática, sem movimento e pouco interessante visualmente.
- Como Evitar: Conheça a “Regra dos Terços”. É uma técnica simples: imagine que sua tela é dividida por um jogo da velha (duas linhas horizontais e duas verticais). Tente posicionar os elementos mais importantes da sua pintura perto de onde essas linhas se cruzam. Isso cria um equilíbrio visual e guia o olhar do espectador pela obra de forma mais dinâmica.
Abrace o Processo (e os Erros!)

Todo mestre da pintura já foi um desastre. A diferença entre um hobby frustrado e uma paixão duradoura está em como você encara os erros. Na arte, não existem erros, apenas oportunidades de aprendizado.
A tinta acrílica e a aquarela permitem correções. A tinta a óleo permite que você raspe e comece de novo. Não tenha medo de errar. Cada pintura “ruim” está ensinando algo valioso para sua próxima pintura “boa”.
Agora, pegue seus pincéis, escolha um desses erros para evitar e, o mais importante: divirta-se!